Gentee axeii um blog de uam menina muito loca que foi no xou do The kids
'Show do Johnny Depp e... The Kids
Eu tava com 50 contos e precisava fazer um exame de vista. Mas ao mesmo tempo começaram a sair nos tablóides especializados por aqui a cara do Johnny Depp estampada, ele, que estaria vindo, pela segunda vez, tocar na segunda edição do concerto memorial em homenagem a Sheila Witkin. Bem inconsequente e fútil, pensei: `tem nada não, eu limpo a vista vendo o Johnny`. Fui. Vou explicar o festival. Essa mulher aí `passou` tem 3 anos e foi uma figura ativa na produção e promoção de bandas locais (Sul da Flórida). Todas na linha do hard rock podre. Ela fez umas coisas importantes, trabalhou com o Metallica, por exemplo, quando se mudou pra Califórnia, esteve metida no mainstream de Hollywood, fazendo contatos bem legais. Também reza a lenda que era uma coroa muito boazinha, com muitos amigos e com as portas da casa sempre abertas pros vizinhos e doidos locais. Pois bem, ela produziu a banda de seu filho, Bruce, o frontband da The Kids (que aliás já devia ter mudado o nome da banda pra The Seniors) e da sua neta, My Dolls, 2 das 9 bandas horrendas que tocaram nesse festival. Essa popularidade e carisma da coroa talvez seja a explicação pra a audiência mais bizarra que eu já vi na vida. Variava entre coroas com cara de frequentadores de Igreja dos Santos dos Últimos Dias, com outros que com certeza já tinham falhado umas 1000 vezes em suas tentativas de rehab, rockeiros dinossauros da cena underground local; um freak em especial que eu me arrependi amargamente de não ter pedido pra tirar uma foto com ele, vestido de Jack Sparrow e, é claro, garotas (e garotos) fãs do Johnny, histéricas, suadas e incovenientes, com suas filmadoras super potentes, seus corpinhos de 2x2 abertos em forma de Cristo Crucificado, de maneira que bloquearam minha vista por pelo menos uns 20 minutos no começo do show. E olha que eu já P. com P maiúsculo porque foram 8 bandas aterrorizantes preu conseguir ver meu ídolo como um pontinho de gente lá no fundo de um palco escuro. Mas o porquê dele nessa banda? Eu, pelo menos, porque não sou nenhuma fã suplicante de ninguém, não sabia. A The Kids existe desde 78, o Johnny era um estudante de High-school daqui e foi quando `entrou` na banda - e saiu inúmeras vezes também. Além disso, esse Bruce é o cara que fez a preparação vocal do Johnny pro Sweeney Todd. São amigos de longas datas e daí rolou o convite pro festival. O Johnny é `o cara sem banda` mas que adora música e não tem tempo de se dedicar a isso por causa do cinema, provavelmente. Fora o fato do gostinho musical do Johnny ser meio suspeito, ele não fica no palco fazendo misura do tipo `eu sou o foda`. Ele fica lá no cantinho dele, faz os solos de guitarra, toca direitinho, faz uns backing vocals básicos quando solicitado e não dá muita bola pras fãs gritando `fuck me Johnny` (porque afinal de contas é um sujeito família e a Vanessa tava na área). O cara que foi eleito o mais sexy de um certo ano aí, tá nem aí pra isso, o que o faz ser mais cool ainda. Como a The Kids foi a última banda a fechar o festival, rolou um momento `We are the world`, onde toda a Era Mesozóica subiu no palco pra cantar o hino dos usuários-de-bandanas-barrigudos `C`mon everybody`. O Johnny aí ganhou mais uns pontinhos comigo. Ele ia pra cada um deles, sorria e dava um abraço caloroso, apertava o nariz de um, fazia uma brincadeira com outro. Não houve menção do nome dele em momento nenhum do show e também ninguém tomava a iniciativa de ir cumprimentá-lo. Ele, lá na dele estava, lá na dele ficou, inclusive na hora que saiu de fininho pelos fundos do clube e tinha umas fãs gritando please johnny assine isso, assine aquilo, ele rapidamente se meteu dentro de uma limo e botou o braço pra fora dando `tchau`. Claro que o povo só faltou arrancar a mão dele. Filmei, mas não toquei na mãozinha, ou porque sou muito páia ou porque não tenho mais idade pra isso.